Detenha os agentes russos no Parlamento Europeu

O Parlamento Europeu deve introduzir regras mais rigorosas para evitar a interferência russa no Parlamento Europeu. Os eventos organizados nas instalações do Parlamento, os convidados externos e o uso dos estúdios de TV e rádio do Parlamento e outros recursos devem ser examinados mais minuciosamente, insiste o Grupo PPE antes do debate plenário de hoje sobre o escândalo Russiagate.

"É alarmante que agentes estrangeiros estejam disseminando propaganda russa sem impedimentos nas instituições da UE. Ao fazer isso, eles estão minando a unidade da nossa sociedade, espalhando o ódio e a desconfiança dos valores europeus e promovendo o populismo e o extremismo. Desde a agressão da Rússia contra a Ucrânia, a União Europeia tem sido cada vez mais exposta a uma ampla gama de ataques híbridos. A presença de agentes estrangeiros no Parlamento Europeu e em outras instituições representa riscos significativos à nossa segurança e credibilidade", afirma a deputada Sandra Kalniete, uma das iniciadoras do debate.

Além da recente revelação de que a eurodeputada Tatjana Ždanoka tem um longo histórico de trabalho para a inteligência russa, os eurodeputados estão soando o alarme sobre a relação entre os secessionistas catalães e o governo russo. O ex-líder separatista e atual eurodeputado Carles Puigdemont se reuniu com ex-diplomatas russos na véspera do referendo ilegal da Catalunha, em outubro de 2017.

A resolução parlamentar planejada, a ser votada na quinta-feira, lista como o Kremlin patrocinou e apoiou partidos de extrema direita na Europa. Entre outros, concedeu ao partido de Marine Le Pen um empréstimo de 9,4 milhões de euros em 2013. Sabe-se que os eurodeputados da ID e dos grupos de esquerda, bem como os não filiados, expressam propaganda pró-Kremlin no Parlamento. Isso inclui apelos extremos à destruição da Europa feitos pelo deputado Miroslav Radačovský, que recebeu pagamentos de fontes russas para observar as eleições parlamentares de 2021 na Rússia. De acordo com a resolução a ser votada, os canais de comunicação do Parlamento Europeu, como o recurso de gravação de vídeo "VoxBox", foram usados para criar conteúdo de desinformação pró-Kremlin e anti-UE.

"A Rússia tem uma estratégia permanente de influência ilegítima e ataque às instituições democráticas e à estabilidade da UE. Devemos estar cientes da seriedade dessa estratégia e enfrentá-la com todas as suas consequências", enfatiza Javier Zarzalejos, deputado do Parlamento Europeu, que negociou a resolução em nome do Grupo do PPE.

"Precisamos de mudanças práticas no Código de Conduta dos Membros do Parlamento Europeu para evitar casos semelhantes no futuro. Deve ser introduzido um procedimento de triagem para todos os funcionários do Parlamento Europeu, incluindo os gabinetes dos deputados. Os recursos do Parlamento não devem ser usados contra os valores da UE, nem para a disseminação de informações hostis por regimes autoritários", enfatiza Kalniete.