Acordos comerciais para proteger nosso modo de vida europeu

A riqueza e a prosperidade da Europa dependem, em grande parte, de nossas relações comerciais abertas com o resto do mundo. Somos o continente com o comércio mais aberto do mundo, geograficamente localizado entre a maior economia, os Estados Unidos, e os continentes mais populosos e dinâmicos da Ásia e da África. Apesar desse enorme potencial, a agenda comercial da Europa está em um impasse. Se quisermos manter nossa liderança global, é essencial firmar novos acordos comerciais com o mundo democrático para buscar nossos interesses, proteger nossos valores e reequilibrar nossas relações com a China. A face do comércio global mudou radicalmente nas últimas décadas e séculos. Construído sobre os mercados movimentados das civilizações antigas, o surgimento de rotas comerciais medievais e o advento da globalização moderna, o cenário econômico da Europa foi moldado por séculos de intercâmbio comercial. No entanto, às vezes é difícil entender a importância do comércio livre e justo para a Europa. Em vez de mercados, os contêineres são agora a face mais típica do comércio moderno e da interconexão das economias em todo o mundo. Imagine esses 96 milhões de contêineres, que foram movimentados nos principais portos da UE em 2022, todos alinhados em uma fileira. Eles se estenderiam tanto que poderiam dar a volta no centro da Terra cerca de 145 vezes. Somente no ano passado, as exportações da UE valeram mais de 2,3 trilhões de euros, tornando a UE o segundo maior exportador do mundo, depois da China. A Europa continua a defender seu legado, reconhecendo o papel fundamental do comércio para impulsionar o crescimento econômico, promover a inovação e fortalecer os laços diplomáticos. Com mais de 30 milhões de empregos europeus dependentes do comércio externo e com a maior parte da expansão econômica mundial prevista para ocorrer fora das fronteiras da Europa, fica claro que nossa prosperidade depende de políticas comerciais sólidas.

Com mais de 30 milhões de empregos europeus que dependem do comércio externo e com a maior parte da expansão econômica mundial prevista para ocorrer fora das fronteiras da Europa, fica claro que nossa prosperidade depende de políticas comerciais sólidas.

Mas há grandes desafios no horizonte. O déficit comercial da UE com a China subiu para impressionantes 390 bilhões de euros em 2022, dobrando em apenas dois anos. Apesar da necessidade de uma agenda comercial revitalizada, estamos lutando contra as barreiras erguidas por facções populistas de esquerda e de direita. Mas nossas políticas comerciais não se referem apenas a ganhos econômicos - elas incorporam nossos valores e padrões. Para nós, qualquer estratégia comercial deve refletir os interesses europeus, garantir a reciprocidade e proteger setores vitais como a agricultura. Rejeitamos a ideia de nos refugiarmos em fortalezas isolacionistas. Em vez disso, defendemos o engajamento com a comunidade global e, ao mesmo tempo, cultivamos alianças estratégicas, especialmente em uma União das Democracias. A solidariedade entre as nações ocidentais é fundamental, principalmente diante de concorrentes formidáveis como a China. Dessa forma, defendemos um envolvimento mais profundo com regiões como a América Latina e o Indo-Pacífico, com base nos princípios de justiça e benefício mútuo. Portanto, precisamos de acordos comerciais novos, justos e inteligentes, de acordo com nossos interesses, valores e padrões europeus, como com o Mercosul ou a Austrália. A África também nos chama a atenção como um parceiro fundamental em nossos esforços comerciais. Um novo paradigma de parceria comercial com a África deve transcender as meras transações econômicas. Ele deve priorizar o desenvolvimento mútuo, a prosperidade e a democracia, abordando as dependências globais de recursos essenciais e, ao mesmo tempo, capacitando as comunidades locais. O ponto central da abordagem do nosso Grupo é uma estratégia abrangente de redução de riscos com o objetivo de mitigar as incertezas e promover o crescimento sustentável, por exemplo, diversificando nossa cadeia de suprimentos de matérias-primas essenciais por meio de novos acordos comerciais inteligentes.

Ao traçarmos o caminho a seguir, é fundamental reconhecer que a política comercial não é uma busca solitária - é um esforço colaborativo que exige coordenação, inovação e um compromisso inabalável com nossos valores compartilhados. A política comercial da Europa deve evoluir para enfrentar os desafios de um cenário global em rápida mudança. Ao adotar uma agenda comercial inteligente, podemos navegar pelas complexidades do mundo moderno e, ao mesmo tempo, proteger nossa segurança, nossos interesses econômicos e nossa competitividade. Juntos, vamos forjar um caminho rumo a um futuro mais próspero, interconectado e equitativo para todos.